Filei da Sofia

Um pouco de divagação no meu blog. Como se eu já não divagasse o suficiente.
Por Arthur Meucci
"Todas as relações humanas se iniciam através dos fenômenos percebidos do outro. Estes fenômenos geram representações. O mundo, como postula Schopenhauer, é representação. Logo, só temos representações do mundo e das pessoas que nos rodeiam.
Somos levados a idealizar todo objeto ao nosso redor e todas as pessoas que conhecemos. Criamos expectativas, portanto. Construímos representações segundo nossas percepções e desejos.
O homem, em estado de ignorância, luta para garantir as representações que ele arbitrariamente cria sobre o mundo e sobre as pessoas. Por isso, o princípio do sofrimento é a inadequação do mundo idealizado e a realidade como se apresenta. O ódio, a ira, a angústia e todos os afetos ruins têm origem nas expectativas erradas sobre o mundo que nos cerca.
Quanto menor a expectativa menor o sofrimento, logo mais suportável e prazeroso se torna o instante existencial.
...Mudamos a todo o momento. A todo instante. A cada segundo.
Ao aceitarmos a mudança constante do Ser concebemos o mundo e os homens como um vir-a-ser.
Nada é para sempre, por isso vai sendo. Se transformando.
O problema nas relações humanas decorrem da não constatação desta verdade. A luta por manter sua ilusória identidade, luta esta contra o fluxo inevitável que muda o Ser, faz o homem se perder na própria existência. O leva a buscar algo imutável que não existe, pois tudo muda a cada instante.
A mudança pode gerar dor, e sua constatação acarreta na angústia de se viver.
A ilusão de uma essência imutável é o princípio do descontentamento de si.
O problema com o “outro” decorre da inadequação entre a representação que os homens fazem daqueles que os rodeiam. A necessidade de criar uma representação imutável do outro, e conseqüentemente expectativas, força os homens a viverem no engano. Cada um busca construir uma identidade sólida que nada mais é do que a busca de uma representação que nunca muda. Não admite que o outro esteja mudando a cada instante. Porém, como a permanência do Ser não é possível, ocorrem os conflitos.
Os homens frustram-se com o outro porque constroem representações inadequadas destes. Desejam, por conta de uma falsa sensação de segurança, conhecer a essência imutável do outro sendo que ambos mudam a cada instante.
A base do conflito é, antes de tudo, falsas expectativas decorrentes dos problemas de representação."
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